Modelo de trabalho 9-9-6: o custo invisível da produtividade extrema
- Trinia

- 8 de ago.
- 2 min de leitura

Jornadas das 9h às 21h, seis dias por semana. Esse é o chamado modelo de trabalho 9-9-6, adotado por algumas startups de inteligência artificial em busca de mais produtividade. Mas, por trás dessa rotina aparentemente eficiente, escondem-se efeitos profundos sobre a saúde, o engajamento e a capacidade de inovação das equipes.
A falsa equação entre tempo e resultado
Empresas que impõem longas jornadas muitas vezes partem da crença de que mais horas de trabalho significam maior produtividade. No entanto, estudos mostram o oposto:
Trabalhadores com jornadas superiores a 11h diárias têm 67% mais risco de infarto.
Jornadas acima de 54 horas semanais aumentam a chance de doenças por excesso de trabalho.
O burnout, a fadiga cognitiva e o desengajamento crescem, corroendo a performance sustentável.
Cultura de exaustão: um modelo de trabalho insustentável
O modelo 9-9-6 não é novo. Foi amplamente defendido por nomes como Jack Ma (Alibaba), Elon Musk (Tesla) e Tim Cook (Apple), todos conhecidos por rotinas extremas. Mas hoje, cada vez mais profissionais estão rejeitando esse tipo de cultura.
Na China, jovens criaram o movimento "tang ping" (deitar e relaxar) como forma de resistência. No Ocidente, surgem tendências como:
Microturnos: ajustes de jornada para preservar energia
Conscious un-bossing: liderança consciente e descentralizada
Priorização do bem-estar e da saúde mental
Geração Z lidera a mudança
Para os jovens talentos, o que vale não é apenas onde se trabalha, mas como. Essa geração impulsiona uma nova lógica de produtividade:
Flexibilidade como regra, não exceção.
Trabalho com propósito, alinhado a valores pessoais.
Uso de IA e tecnologia para gerar produtividade com limites saudáveis.
Espaços de escuta, pausas e colaboração genuína.
Esses não são mimos, são estratégias de retenção e inovação.
O que empresas inteligentes já entenderam
Produtividade não é fruto de horas acumuladas, mas de contextos que favorecem foco, energia e criatividade. Empresas mais conscientes estão:
Redefinindo metas com base em resultado real, não presença constante
Apostando em métricas de vitalidade organizacional, além dos KPIs financeiros
Construindo culturas regenerativas, que combinam alta performance com bem-estar
Conclusão: produtividade com humanidade é o futuro
Adotar modelos como o 9-9-6 é caminhar na contramão do que o futuro exige. A verdadeira inovação nasce da combinação entre inteligência, contexto e bem-estar. E não há IA que compense ambientes exaustivos.
O futuro do trabalho não será desenhado por quem exige mais horas, mas por quem constrói ecossistemas onde as pessoas querem dar o seu melhor.




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