Futuro do trabalho: por que ele exige mais do que tecnologia
- Trinia

- 6 de ago.
- 2 min de leitura

Quando se fala em futuro do trabalho, o pensamento imediato costuma ir para a inteligência artificial, a automação e a digitalização acelerada. Mas, apesar desses avanços, os dados mostram que o verdadeiro ponto de inflexão não é tecnológico. É humano. Mais especificamente: é sobre dignidade, conexão e pertencimento.
Estamos produzindo mais e pertencendo menos
Segundo a Accenture, o engajamento global caiu de 41% para 34% e a energia cultural nas empresas passou de 63% para 55%. Ou seja, enquanto as organizações celebram ganhos de produtividade, muitos colaboradores se sentem emocionalmente distantes do que fazem.
Esse distanciamento tem nome: “acting your wage”. Profissionais entregam apenas o que o salário cobre, sem envolvimento extra, sem conexão com o propósito. Mais do que preguiça, esse comportamento é sintoma de um modelo que extrai performance, mas negligencia afeto, escuta e relações humanas.
Brasil: avanço tecnológico, retrocesso social
O Brasil é um dos países com maior adoção de IA no mundo (96% das empresas já utilizam), mas também convive com:
28% dos empregos classificados como vulneráveis
21% dos jovens fora da escola e do mercado formal
Estamos vivendo uma revolução sem contrato social. As tecnologias estão prontas. Mas as pessoas, ainda não.
Colaboração humano-máquina: o futuro realista
De acordo com o WEF, 30% das tarefas organizacionais já são compartilhadas entre humanos e máquinas. E essa proporção tende a se equilibrar até 2030. Ou seja, o desafio não é substituir pessoas, mas reorientar seu papel com respeito e visão.
A resposta não está apenas na requalificação, mas na reconexão: com o trabalho, com os colegas e com um senso de contribuição significativa.
Liderança regenerativa: um novo paradigma
No SXSW 2025, o destaque não foi sobre ferramentas, mas sobre estratégia como um verbo: iterar, adaptar, imaginar. A liderança do futuro precisa:
Criar ambientes onde a inteligência coletiva possa florescer
Valorizar imaginação e conexão entre disciplinas
Escutar com profundidade o que ainda não foi dito
Num mundo onde a IA responde tudo, nosso diferencial passa a ser humano, criativo e sensível.
Diversidade de ciclos, idades e formas de contribuir
Carreiras não serão mais retilíneas. Serão feitas de pausas, recomeços e reinvenções. O Brasil terá um crescimento de mais de 40% na população 60+ até 2030. Valorizar esses profissionais é estratégico, não apenas humano.
Diversidade geracional, emocional, funcional e cultural não pode ser um pilar. Precisa ser o alicerce.
Conclusão: o futuro do trabalho é regenerativo
Segundo o WEF, 83% das empresas já investem em diversidade e 70% em requalificação. Mas ainda falta coragem para:
Liderar com empatia
Criar métricas de vitalidade real, não apenas wellness de vitrine
Entender que dignidade é estratégia de negócio
O futuro do trabalho não será definido por quem tem mais tecnologia, mas por quem souber usá-la com mais visão, responsabilidade e humanidade.



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